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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Resumo do que me aconteceu!!!

Exatamente no dia 15 de junho de 2008, vi minha vida mudar por completo para sempre.
Era domingo, estava em uma barraca de praia e saí para pegar dois amigos. Quando saia da casa da última, a uns 100 metros de distância da mesma, pegando a rua principal, um carro se chocou com o meu num impacto tão grande que me açoitou do outro lado da rua em cima de um poste. Nós não estávamos nem a 40km/h, mas ela vinha em alta velocidade. A pancada foi toda na lateral em cima de mim. Por instantes perdi os sentidos, mas logo recobrei a consciência. E não acreditava no que estava acontecendo. Estava preocupada com meus amigos e tentava desesperadamente, de todas as maneiras sair do carro, sem saber que não podia, pois estava presa nas ferragens. Precisou que os bombeiros junto com o Samur me resgatassem e me tirassem de dentro. Não sentia dor, mas estava muito zonza. Fomos todos levados para o hospital. Depois de um bom tempo esperando e já sentindo muita dor foi que soube o que havia acontecido comigo. Tinha quebrado a bacia, especificamente o acetábulo, estava em frangalhos. Quebrei também o tornozelo direito (onde colocaram dois parafusos), o dedão do pé esquerdo (onde colocaram um parafuso), o metatarso esquerdo (onde colocaram duas malhas de aço), partir a testa e o nariz, onde levei muitos pontos e ganhei uma cicatriz que graças a Deus é quase imperceptível. Quanto aos meus amigos, uma quebrou apenas o braço e o outro teve rompimento do intestino e por pouco não morre. Mas hoje em dia, graças a Deus, estão muito bem e totalmente recuperados.
Na cidade onde estava (Aracaju/SE) não tinha recursos para atender às minhas necessidades e tive que as pressas ir para minha cidade natal (Salvador/BA), onde fui atendida pelos melhores especialistas da área de ortopedia e traumatologia.
Logo que cheguei eles me colocaram numa “Tração”, que é um recurso para puxar o fêmur e coloca-lo no lugar correto. É um processo cirúrgico simples e rápido, mas o desconforto é grande.
Passaram-se uns dias e fiz a primeira cirurgia de grande porte, que foi a de reconstituição do acetábulo. Foi demorada e trabalhosa. Perdi muito sangue e a recuperação pós-cirúrgica foi na UTI. Três dias depois voltei para o quarto e permanecia também com a tração.
Dias depois foi à cirurgia dos pés. Essa foi mais fácil e não teve complicação nenhuma. Em compensação, a dor pós-cirúrgica era terrível. Não desejo nem ao meu “pior inimigo” a dor que sentir, pois era muito intensa e continua. E ainda tinha o incomodo da tração, que os médicos insistiam em me deixar com ela. Cheguei num ponto de não suportar mais agarrei a enfermeira pelo jaleco e pedir Morfina, porque nenhum dos analgésicos que me devam surtia efeito.
Dias se passaram, e nesse meio tempo tiraram à tração, comecei a sentir dor na perna, e foi constatado que meu fêmur estava luxando novamente (havia saído do lugar) e precisaria colocar a tração novamente. Foi marcado esse procedimento cirúrgico justo no meu aniversario dia 30 de junho de 2008 – risos, que presente de grego em? – E no dia fizeram uma festinha surpresa pra mim com direito a torta, parabéns e tudo mais, mas eu não pude nem provar, pois estava de jejum absoluto.
Passaram-se mais uns dias, a dor me incomodava bastante e foi detectado que uma das placas estava solta no acetábulo e precisaria reabrir para colocá-la no lugar. Foi sinistro ouvir isso. Não vou mentir que sentir um pouco de medo, pois esse procedimento não seria tão simples, porque iriam abrir de novo o mesmo lugar para consertar algo que já estava feito e seria uma cirurgia de grande porte tanto quanto primeira. Me lembrei dos momentos pós-cirúrgicos na UTI – passaram uns flash´s na minha mente – mas como não tinha pra onde correr – risos, literalmente falando – e fiz minha cirurgia. De novo fui parar na UTI, mas graças a Deus, foi mais tranqüilo.
Em setembro o medico me deu alta e foi uma alegria só. Voltei pra casa de meus pais e dei continuidade à recuperação.
Em outubro comecei a sentir umas fortes dores e não sabia o que fazer. Procurei meu médico que passou uns remédios, mas nada mudou só piorava a dor.
Um dia sem agüentar mais voltei ao hospital e fiz uma tomografia foi detectado que a cabeça do meu fêmur estava necrosada. Voltei a colocar a tração ficando com ela por um mês, mas não surtiu efeito e a solução era fazer outra cirurgia. Meu médico me deu duas opções uma era a: * Artroplastia * (Artroplastia ou Prótese Total do Quadril se caracteriza pela substituição ou troca da articulação do quadril. A cabeça do fêmur é trocada por uma prótese). A segunda: * Artrodese * (Artrodese é um procedimento cirúrgico que consiste na imobilização de uma articulação com o uso de fios cirúrgicos ou placas e parafusos de metal).
Uma pela outra, eu não queria troco – como diz o ditado popular – nas duas eu ia perder alguma coisa, mas também ia ganhar e tinha que escolher. O médico ia viajar passando sete dias fora e quando voltasse queria minha resposta. Quando ele retornou e veio saber da minha decisão lhe perguntei:
- Doutor, o senhor tem filhos?
- Sim Jacy, tenho duas filhas, por quê? – perguntou ele curioso
- Porque quero que o senhor olhe pra mim, como se fosse a sua terceira filha, e diga com todo coração e competência no assunto: o que o senhor faria se fosse sua filha que estivesse em meu lugar? – falei, olhando seriamente e bem dentro de seus olhos
- Huummm – um suspiro – Se fosse minha filha eu faria a artrodese, sem dúvida nenhuma, Jacy. Pois lhe dará uma melhor qualidade de vida, sem precisar ter que passar por novos procedimentos cirúrgicos futuros. – disse olhando também no fundo dos meus olhos
- Então está decidido. Será a artrodese que farei. Pode providenciar a cirurgia doutor. – o olhei com ar de alegria e confiança.
E assim foi feito, mais ou menos uns cinco dias depois, a cirurgia estava feita. Foi colocada em meu fêmur parafusado a minha bacia uma placa de aço cirúrgico de mais ou menos 25cm. Evitando, totalmente qualquer movimento nessa articulação. O procedimento foi de grande porte, trabalhoso, perdi muito sangue e terminei parando na UTI novamente.
Quando voltei para o quarto, foi uma bênção, sentia uma alegria imensa por saber que havia “pulado mais uma fogueira”. Mais uma batalha ganha pela luta da vida. Só que como diz o ditado popular “alegria de pobre dura pouco”, descobriram que estava com infecção urinária, por isso tive que ficar de molho no hospital por mais dez dias, antes de ter alta para tomar o medicamento contra a infecção.
Enfim, a alta e a saída do hospital chegou no dia 23 de dezembro de 2008. Foi uma festa!!! Um alívio estar de volta em casa, na paz e segurança do lar e da família!!!
A partir disso a cada dia que passa tenho melhorado, estou aos poucos recondicionando meu corpo, fortalecendo minha musculatura, ampliando meus movimentos, minha flexibilidade e principalmente minha autoestima. Faço diariamente fisioterapia e exercícios fisicos.
Em novembro fiz a última cirurgia que necessitava, a do joelho, pois estava bem acabadinho. O menisco tava terrivel desgastado, o ligamento nada bom e o principal é que minha perna estava torta por causa da pancada no acidente. Tiraram um pedaço do meu fêmur – em formato de um pedaço de pizza, é mole? – e colocaram mais duas placas e seis parafusos. Serão mais uns quatro a seis meses até estar totalmente recuperada.
E hoje me encontro nesse processo de recuperação e com uma vontade monstra de voltar a vida cotidiana.
Este é um resumo do que me aconteceu desde o dia do acidente só para vocês terem uma pequena noção.